COLONIZAÇÃO DO BRASIL
LEVARAM DO BRASIL MUITAS RIQUEZAS
Quando o rei e os comerciantes portugueses organizaram as grandes navegações – essas viagens arriscadas que duraram vários meses -, o que eles queriam era obter vantagens. Seu objetivo era, portanto, aumentar o comércio e, com isso aumentar seus lucros. Queriam encontrar lugares onde pudessem comprar mercadorias por preços baixos e vender por preços altos, ganhando assim tanto na compra quanto na venda.
Comprando as mercadorias diretamente no lugar em que eram produzidas, os comerciantes podiam pagar preços mais baixos e seus lucros seriam maiores. Por isso até certo ponto, decepcionaram com o Brasil: aqui viram apenas florestas, habitadas por índios, que à primeira vista, não tinham nada que os portugueses pudessem comprar barato para vender na Europa.
Foi por isso que, durante as primeiras décadas depois do “descobrimento”, os portugueses praticamente abandonaram o Brasil. Preferiram o comércio nas Índias, (Oriente) que dava grandes lucros. Mas por outro lado, perceberam que depois de tanto trabalho não podiam deixar o Brasil ser explorado por outros povos. E os franceses já estavam levando madeira daqui. Este fato e mais as dificuldades que passaram a encontrar no comércio com o Oriente levaram os portugueses a tomar uma decisão: resolveram ocupar e explorar o Brasil. Quem sabe no meio daquelas florestas não encontrariam, alguma riqueza, como ouro e pedras preciosas?
A primeira riqueza que passaram a explorar foi a madeira especialmente o pau-brasil, que era muito abundante nas florestas do litoral. Em seguida resolveram plantar cana para produzir açúcar, que era muito caro na Europa. Ao mesmo tempo em menor escala passaram a cultivar outros produtos; como tabaco e algodão que também levavam para a Europa. Mas foi o ouro, explorado durante o século XVIII que provocou grandes transformações na colônia e produziu grandes lucros. Na mesma época, para fornecer carne à população das minas, desenvolveu-se a criação de gado. A indústria quase não existia, já que era proibida pelo rei de Portugal que não queria concorrência com os produtos comercializados pelos portugueses. O comércio foi dominado pelos portugueses que ficavam com os maiores lucros. Como não dava lucro aos comerciantes, pouca importância se deu à produção de alimentos. Por isso a maioria da população passava fome.
O pau-brasil foi o primeiro produto de algum valor comercial que os portugueses encontraram no Brasil. É uma madeira avermelhada que servia entre outras coisas, para fazer tinta usada no tingimento de tecidos e para fabricar móveis e navios. O pau-brasil era abundante no litoral do Rio de Janeiro a Pernambuco.
O corte das árvores e seu transporte para os navios eram feitos pelos índios. Em troca eles recebiam dos portugueses roupas coloridas, contas, espelhos, canivetes, facas, etc.
Por outro lado só podia ser explorado com a autorização do rei de Portugal. Por isso se diz que o pau-brasil era monopólio do rei. Era ele que dava a autorização para cortar, carregar e vender a madeira. Em troca dessa autorização, ficava com boa parte dos lucros.
A atividade de exploração da madeira deslocava-se de um lugar para outro, pois quando acabava o pau-brasil em um lugar, os comerciantes passavam para outro e, iam assim derrubando as florestas. Essa atividade não exigia que os europeus ficassem no Brasil; por isso eles não preocupavam em construir povoados. Faziam apenas umas construções fortificadas, chamadas de feitorias, em alguns pontos do litoral, para se defender e defender sua riqueza. Nessas feitorias o pau-brasil era guardado até que os navios chegassem para buscá-lo.
Mas os franceses não estavam gostando nada dessa história de monopólio. Achavam que eles também tinha o direito de tirar o pau-brasil daqui. Com ajuda de alguns grupos indígenas, foram cortando e levando madeira. Foi o que bastou. O rei de Portugal mandou alguns navios com soldados para combater os franceses. Com isso quem sofria eram os índios, que ficavam divididos entre os portugueses e os franceses. Nas guerras eram eles que iam na frente e eram os primeiros a morrer.
OS ÍNDIOS NÃO ENTENDEM PORQUE O EUROPEU PRECISA DE TANTA MADEIRA.
A vontade de levar madeira era tanta que trinta anos depois de iniciada a exploração, quase não havia mais árvore de pau-brasil. Acabara-se nossa primeira riqueza, em benefício dos comerciantes e do rei de Portugal. Para os índios, os donos da terra, sobrara o trabalho, a doença e a morte. Eles não entendiam porque os europeus precisavam de tanta madeira e vinham de tão longe para buscá-la.
Para os comerciantes portugueses e franceses o que interessava era o lucro. Com isso foram destruindo as floresta brasileiras. Essa falta de respeito dos portugueses e franceses em relação às matas do Brasil aconteceu desde o início da ocupação do Brasil pelos europeus. Infelizmente, a destruição das florestas brasileiras continuou através do tempo, e vem sendo feita até os dias de hoje.
Como vimos durante os primeiros trinta anos depois do descobrimento, os portugueses não se interessaram muito pelo Brasil. Mandaram algumas expedições para conhecer a terra, explorar o pau-brasil, combater os estrangeiros que vinham contrabandear a valiosa madeira.
Depois a atitude de Portugal mudou, pois o comércio com as Índias tinha entrado em decad6encia, deixando de dar os grandes lucros que vinha rendendo. Portugal então resolveu arrumar uma maneira de ganhar muito dinheiro com o Brasil. O pau-brasil não dava lucros muito altos e, além disso não era tão fácil encontrar essa madeira.
Pensando nisso o rei e os comerciantes portugueses escolheram a cana-de-açúcar. O açúcar era um produto muito caro na Europa, pois havia pequena quantidade dele. Era vendido em farmácias e, muitas vezes, deixado com herança pelos nobres europeus. Pela experiência que Portugal tinha em outras colônias ( ilhas de Madeira e Cabo Verde), onde já se plantava cana, as terras do Brasil deviam ser boas para o plantio desse vegetal.
Mas plantar cana-de-açúcar não era a mesma coisa que cortar árvores de pau-brasil. Para explorar o pau-brasil os portugueses vinham, pegavam a madeira e vinham embora. Para plantar cana-de-açúcar e produzir o açúcar era preciso que os interessados viessem morar no Brasil, formassem povoados, construíssem os engenhos para a fabricação do açúcar, contratassem trabalhadores permanentes.
A cana era plantada em grandes propriedades. Começava-se pela derrubada da floresta e pela limpeza e preparo do solo, onde se plantava a cana em leitos, isto é em canteiros. Não havia a preocupação pela preservação, pela melhoria ou pela recuperação do solo. Não se utilizava adubos. Quando uma área não produzia satisfatoriamente, era abandonada e fazia nova derrubada de mata. Não havia problema pois havia muita terra disponível.
A segunda coisa necessária para o cultivo da cana e a produção do açúcar era conseguir trabalhadores em grande quantidade. Os colonizadores não queriam pagar salários, pois assim gastariam menos com a produção de açúcar e seu lucro seria maior.
A solução encontrada foi o trabalho escravo. Os escravos africanos já eram muito utilizados na Europa. Os traficantes de escravos, que ganhavam muito dinheiro com o comércio de escravos, viam na utilização do escravos uma maneira de aumentar suas vendas e seus lucros. Portanto o uso do escravo africano dava lucros tanto ao colonizador como ao traficante.
Além das grandes extensões de terra e dos escravos, seriam necessários homens que se dispusessem a vir para o Brasil para tomar conta dessas terras, da plantação de cana e da produção de açúcar. Como a tarefa não era fácil, pois o Brasil era uma terra desconhecida e cheia de perigos, o rei de Portugal oferecia algumas vantagens àqueles que aceitassem a tarefa: nada pagavam pelas terras, que eram tomadas dos índios; recebiam honrarias, títulos e outros benefícios. Essas pessoas eram conhecidas como senhores de engenho.
No começo o engenho era apenas a fábrica onde era produzido o açúcar. Depois a palavra engenho passou a ser usada significando toda a propriedade, desde as terras cultivadas até as instalações onde se produzia o açúcar. Essas instalações eram as seguintes:
Além dessas instalações e de oficinas, estrebarias e outras construções, as principais construções da grande propriedade produtora de cana e açúcar eram duas:
No momento certo, a cana era cortada, carregada em carros de boi e transportada para a moenda, onde era esmagada. A moenda podia ser movida por força humana, força animal ou por água de rio. Era composta de grossos rolos de madeira que giravam, esmagando a cana colocada entre eles.
O caldo era levado para a caldeira, onde fervia até ficar bem grosso como uma pasta. Essa pasta era transferida para a casa de purgar, em moldes de barro com o formato aproximado de um cone, com um buraco no fundo. Nesses moldes, descansava por vários dias , até que quase todo o líquido escorresse pelo furo. O açúcar tomava então o aspecto de um pão seco e duro. Os pães de açúcar eram enviados à Europa , onde o produto era refinado e vendido aos consumidores.
Nem sempre o senhor de engenho explorava todas as suas terras. Às vezes entregava parte delas aos lavradores livres, que se obrigavam a entregar a cana para moer no engenho do proprietário, que ficava com a metade do açúcar produzido. Outros lavradores eram proprietários das suas terras, tinham escravos, plantavam a cana, mas não tinham engenhos, já que o custo das instalações era elevado. Geralmente pagavam pela moagem da cana.
A produção do açúcar no Brasil começou em 1533, em São Vicente. Depois cresceu rapidamente, principalmente no Nordeste. O solo da Zona da Mata Nordestina e especial para o cultivo da cana.
Os holandeses tiveram grande participação na produção e na venda do açúcar brasileiro: em troca do financiamento para a instalação dos engenhos e para a compra dos escravos, Portugal entregou a eles o monopólio da refinação e da venda do açúcar na Europa. Com a união entre Portugal e Espanha em 1580, devido a problemas entre Espanha e Holanda, os holandeses perderam o monopólio, já que Espanha e Holanda eram inimigas. Os holandeses resolveram então ocupar o Nordeste brasileiro, onde ficaram de 1630 a 1654, controlando a produção de açúcar.
Expulsos do Brasil em 1654, os holandeses foram para as Antilhas, na América Central. Lá fizeram grandes plantações de cana, de onde passaram a tirar o açúcar que vendiam na Europa. Isso trouxe conseqüências prejudiciais aos comerciantes portugueses:
Diminuindo as vendas e os preços, baixaram os lucros dos comerciantes portugueses. Mas não foi só o açúcar holandês das Antilhas que atrapalhou os negócios dos portugueses: no século XIII já se produzia açúcar de beterraba na Europa diminuindo o consumo de açúcar de cana.
Como esses comerciantes enfrentaram a difícil situação? Para não baixar seus lucros, eles passaram a pagar menos aos produtores de açúcar. O senhor de engenho que durante os séculos XVI e XVII recebia cerca de um terço do preço pelo qual o açúcar era revendido na Europa, passou a receber bem menos no início do século XVIII.
Como resultado de tudo isso, a produção açucareira no Brasil caiu bastante e a economia açucareira entrou em decadência.
Além da cana-de-açúcar outros produtos de exportação foram cultivados no Brasil, na época colonial. Todos eles foram de pouca importância, se comparados ao açúcar, e só foram produzidos enquanto interessava aos comerciantes portugueses.
O primeiro desses produtos foi o fumo ou tabaco. De origem indígena, o tabaco teve ampla aceitação na Europa. Passou a ser cultivado principalmente a partir do início do século XVII, de modo especial na Bahia.
Além de ser vendido na Europa, o tabaco era utilizado como moeda de troca na compra de escravos, pois tinha muito valor no litoral africano. Por isso a sua produção entrou em crise com a diminuição do comércio de escravos, durante o século XIX.
Outros produtos que alcançaram alguma importância na segunda metade do século XVIII foram o algodão, o arroz e o anil.
Na segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, a Inglaterra precisava de muito algodão para fabricar tecidos. Por isso os comerciantes portugueses estimularam a sua produção no Brasil. A produção de algodão desenvolveu-se mais no Maranhão de onde se estendeu a outros estados. Mas no início do século XIX aumentou a produção norte-americana de algodão, os preços caíram e a produção brasileira entrou em decadência.
O arroz também foi cultivado, de modo especial no Maranhão, e chegou a ocupar o segundo lugar nas exportações, ficando porém muito longe do açúcar.
O anil (corante azul que é retirado de várias plantas) desenvolveu-se principalmente no Rio de Janeiro, mas sua exportação teve curta duração: a qualidade era péssima e a Inglaterra estimulou sua produção na Índia, que era sua colônia e passou a não precisar mais do anil brasileiro